O auxílio emergencial, criado pelo congresso nacional no início da pandemia de covid-19, chega ao fim neste mês, seguindo cronograma divulgado nas últimas semanas. O benefício ajudou a impulsionar a economia nacional em 2020, realizando pagamentos para a população mais vulnerável.
Segundo especialistas, o término do programa trará dificuldades, não só para os cidadãos, mas também para a istração pública. “O fim do auxílio irá criar uma lacuna, principalmente em pequenos municípios do país. A maioria das cidades a por dificuldades financeiras, e o encerramento do programa deve pressionar ainda mais o sistema público, trazendo a população que utilizava a rede privada para a pública, o que vai demandar mais profissionais, adaptação das estruturas e equipamentos públicos, principalmente na educação, saúde e assistência social”, afirma Paulo Loiola, mestre em gestão de políticas públicas e estrategista político da Baselab, consultoria especializada em campanhas progressistas.
Inicialmente, o auxílio emergencial tinha duração prevista de três meses, mas houve prorrogações à medida que a pandemia avançava. Apesar de ainda existir a possibilidade do programa retornar em março, o presidente da República, Jair Bolsonaro, já se posicionou contra a proposta.
A maior parte dos beneficiados pelo programa eram os desempregados e os autônomos, atingidos diretamente pela recessão econômica. De acordo com o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a redução dos valores pagos em setembro já moveu cerca de 7 milhões de cidadãos para uma situação abaixo da linha de pobreza.
De acordo com Loiola, essas pessoas necessitarão de assistência em seus municípios, que devem adotar algumas estratégias neste momento. “As prefeituras deverão buscar soluções de acordo com suas capacidades: remanejamento de profissionais, novos concursos, contratos temporários e diagnósticos para entender as novas demandas. Além disso, um monitoramento constante do desempenho das políticas públicas e canais abertos de comunicação podem ajudar os gestores neste período. Manter os dados atualizados sobre a população é fundamental”, explica.
Legado
Apesar de chegar ao fim após cerca de nove meses, o auxílio emergencial pode deixar um legado para o Brasil. O programa alcançou a população mais pobre de forma rápida e certeira. Também expôs, em números, os cidadãos que precisam de apoio e suas necessidades. São quase 70 milhões de pessoas.
“O auxílio ajudou a identificar pessoas vulneráveis que não tinham nenhum tipo de apoio do estado. A partir daqui não é mais possível ignorar isso, mas o fim do auxílio trará uma desigualdade ainda maior do que era vista anteriormente, e os desafios são muitos”, conclui Loiola.
Sobre a Baselab
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